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Saindo do eixo

Um, dentre vários outros problemas, que pessoas com transtornos mentais sobre – e que tem me afetado muito nos últimos tempos – é a inabilidade de poder confiar no que sente. Parece injusto, duro e dramático, mas não é. Deixe-me explicar. Quando não estamos bem, precisamos dizer onde dói, qual problema nos aflige, pois sem saber qual é ou de onde vem o problema, não há como encontrar a solução. Pense comigo, se um mecânico abre o automóvel, não dá pra sair arrancando tudo, se o encanador chega para concertar os canos de uma casa, não dá para retirar e repor todos logo de cara, se uma professora quer o silêncio, é preciso saber quem há de ser o barulhento da turma. Para tudo há uma raiz. Nada acontece sem motivo. Para tudo tem uma razão. Para aqueles que sofrem de ansiedade e tem a depressão como consequência – como é o meu caso, ou para aqueles que sofrem com vários outros transtornos mentais é mais complicado identificar a fonte do problema, ou saber se há de fato um problema ex

Contraditória esperança

Se a pessoas me vissem, pelo o que realmente sou, elas não entenderiam que sou. Como já dizia Clarice, “Liberdade é pouco. Aquilo que eu desejo ainda não tem nome.” Sou intensa. Tenho verdades que guardo pra mim; que são pesadas e deixam hematomas por toda minha alma. Tenho medo de me encontrar por completo, pois não gosto do pouco que já conheço. Mas penso – com teor contraditório de esperança e otimismo – que essa possa ser minha salvação: conhecer mais de mim mesma. Devemos ser a nossa melhor companhia. E não deveria ser diferente. Cuidar de nós mesmo parece ser algo tão simples..., mas, infelizmente, não é. As dores e as frustrações nos ensinam, e meu desejo é que possamos conviver mais com o nosso eu. Aprender mais sobre o que precisamos, para assim, e somente assim, parar de apenas sobreviver e começarmos a, de fato, viver. Bruna Frisso Março/2022

Uma enxurrada de sentimentos

Tem um tempo que eu não escrevo. Talvez pela correria da vida, talvez pelo medo de me deparar com aquilo que colocarei para fora através do que me liberta de sentir em excesso. Talvez, ainda, pelo impulso de me controlar e tentar sentir menos, pra me encaixar em espaços que não são meus. Há uma certa atração naquilo que não se pode ter, seja um amor que uma vez foi seu e agora não é mais, seja em uma amizade cuja intimidade desgastou-se. A necessidade de agradar é um tormento, uma necessidade infundada, cruel e injusta. Queria eu não tê-la mais. Queria eu ser dona de mim, do que sinto, falo e penso. O que sinto, parece transbordar e portanto, não ser mais meu. O que falo é regido pela vontade, senão urgência em acertar e conquistar, falar a coisa certo, no momento certo, para a pessoa certa. E o que penso... ah! o que penso, isso já é de minha ansiedade, de minha mistura de excessos, excesso de futuro e de passado, que tão irreverentemente me mantêm distante do meu tão temido prese